Muito bem, nossa reflexão parte do princípio de que muitas vezes estamos rodeados de lobos ferozes travestidos de ovelhas, muitos que comem conosco à nossa mesa, pessoas a quem amamos como irmãos, lhes confiando, inclusive, nossa vida. Com o tempo descobrirmos que só estavam esperando a oportunidade para nos tragar. Assim foi com Judas o traidor e tantos outros lobos conhecidos, ou não, da história.
Pessoas como estas são capazes de articular armadilhas inimagináveis e capazes de espreitar por anos a espera da oportunidade de dar o bote, são rancorosas, dissimuladas e vingativas, capazes de qualquer sacrifício na obtenção de seus objetivos macabros. Como já subtendido, têm aparência angelical e são capazes de trair, difamar e cercear qualquer defesa de suas vítimas. Sua covardia vai ao ponto de esconder-se nas meias-verdades, muitas vezes repetidas. Dizem: "uma mentira muitas vezes dita como verdade passa a ser verdade".
Foi justamente pensando nestas situações que lembrei-me da seguinte parábola e de quantas vezes pelas aparências somos induzidos a julgar mal, ou errado e cometer injustiças contra inocentes. Simplesmente porque as falsas ovelhas trouxeram suas verdades a baila, hábil e sutilmente para nos influenciar a ser tendenciosos.
Parábola: Julgamento prematuro
Eram dois vizinhos.
Um deles comprou um coelho para os filhos. Os filhos do outro vizinho também quiseram um animal de estimação. O homem comprou um filhote de pastor alemão.
Conversa entre os dois vizinhos:
– Ele vai comer o meu coelho!
– De jeito nenhum. O meu pastor é filhote. Vão crescer juntos, "pegar" amizade...
E, parece que o dono do cão tinha razão. Juntos cresceram e se tornaram amigos. Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa. As crianças felizes com os dois animais.
Eis que o dono do coelho foi viajar com a família e o coelho ficou sozinho.
No domingo à tarde, o dono do cachorro e a família tomavam um lanche quando, de repente, entra o pastor alemão com o coelho entre os dentes, imundo, sujo de terra, morto.
Quase mataram o cachorro de tanto agredi-lo!
Dizia o homem:
– O vizinho estava certo. E agora? Só podia dar nisso!
Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar. O que fazer?!
Todos se olhavam. O cachorro, coitado, chorando lá fora, lambendo os seus ferimentos.
– Já pensaram como vão ficar as crianças?
Não se sabe exatamente quem teve a ideia, mas parecia infalível:
– Vamos lavar o coelho, deixá-lo limpinho, depois a gente seca com o secador e o colocamos na sua casinha.
E assim fizeram. Até perfume colocaram no animalzinho.
Ficou lindo, parecia vivo, diziam as crianças.
Logo depois ouvem os vizinhos chegarem. Notam os gritos das crianças.
– Descobriram!
Não passaram cinco minutos e o dono do coelho veio bater à porta, assustado. Parecia que tinha visto um fantasma.
– O que foi? Que cara é essa?
– O coelho, o coelho...
– O que tem o coelho?
– Morreu!
– Morreu? Ainda hoje à tarde parecia tão bem.
– Morreu na sexta-feira!
– Na sexta?
– Foi. Antes de viajarmos as crianças o enterraram no fundo do quintal e agora reapareceu!
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A história termina aqui.
O que aconteceu depois não importa. Mas o grande personagem desta história é o cachorro. Imagine o coitado, desde sexta-feira procurando em vão pelo seu amigo de infância. Depois de muito farejar, descobre o corpo morto e enterrado. O que faz ele? Provavelmente com o coração partido, desenterra o amigo e vai mostrar para seus donos, imaginando fazer ressuscitá-lo.
E o ser humano continua julgando os outros...
Outra lição que podemos tirar desta história é que o homem tem a tendência de julgar os fatos sem antes verificar o que realmente aconteceu. Quantas vezes tiramos conclusões erradas das situações e nos achamos donos da verdade?
Autor: Desconhecido
Contribuição: Alfeo Clementi Jr.
http://www.tomcoelho.com/index.aspx/s/Parabolas_Exibir/46/Julgamento_prematuro
A precipitação e a intolerância matam e fazem a guerra. Enquanto não nos humanizarmos continuaremos a ser promotores dos grandes males que assolam a humanidade e a injustiça, o munda será cada vez pior e os inocentes continuarão a ser mortos pelos lobos travestidos de ovelhas.
Nivaldo de Oliveira Júnior