terça-feira, 26 de novembro de 2013

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ATUAL POLÍTICA PÚBLICA DE ENFRENTAMENTO ÀS DROGAS

Introdução

            Considerando-se apenas o senso comum, iniciaremos nossas considerações alegando que na prática o poder público limitou-se a prender, espantar ou esconder o usuário de drogas das camadas sociais menos favorecidas, a fazer demonstrações pirotécnicas de pseudo ações que estrategicamente escondem e maquiam o problema da droga. Destarte, fantasiam o usuário de drogas lícitas ou ilícitas em complexas peças de quebra–cabeças, sendo todas propositadamente descartáveis. Percebe-se que, claramente, com seus tentáculos espalhados em todos os ramos da sociedade, os cartéis e organizações criminosas, com suas ligações complexas se entranham em seus diversos seguimentos. Conseguem copitar todo tipo de pessoas, do cidadão comum aos mais altos escalões de autoridades. Seu malefício e domínio levam as marcas do controle exercido pela força e crueldade. Temos estas situações, quase sempre, alimentadas pela omissão e corrupção dos gabinetes governamentais, pelo preconceito que permite que seu tentáculo mais violento se expresse mais cruelmente nos bolsões de miséria e pobreza. Tal situação que explora e mata, mais notadamente, o pobre e favelado nos conduzem a situações vexatórias e vergonhosas, para não dizer imorais e ofensivas aos direitos humanos.
  

AS DROGAS E A POLÍTICA DO FAZ-DE-CONTA

 
A corrupção e indolência que tangenciam a hipocrisia da alta sociedade albergam nos seus principais atores: empresários, políticos, autoridades civis, militares e judiciais, seu maior expoente de tolerância e impunidade. Sem olvidar os maus policiais, tantas vezes omissos e coniventes com a degradação alheia. Na verdade, os policiais são mantidos propositadamente, pelas autoridades, a margem do real processo de solução do tráfico e consumo das drogas, pois tratam estritamente como problema policial uma situação que tem raízes na injustiça social e falta de políticas de inclusão social. O isolamento e descontinuidade dos programas e políticas de enfrentamento ao problema das drogas, crack, maconha, tabagismo, álcool e outras drogas mostram de um lado a incompetência de nossos governos e do outro lado o viés político eleitoreiro que permeia ações periódicas e midiáticas.

A deficiência de alguns operadores de segurança (policiais federais, civis, penitenciários, militares e guardas municipais) que continuam à margem dos processos de prevenção, tratamento, cura e reinserção social, são subliminarmente doutrinados pelo Estado a promover a assepsia social dos usuários de drogas. A ignorância da população e da polícia gera preconceito e despreparo para tratar de forma qualificada e diferenciada o usuário do traficante de drogas. Não basta segregar, é preciso tratar o problema na base social. Não se pode tratar como problema de polícia uma questão social com tantas implicações e nuances. Questões que passam pela desestruturação familiar, crise de autoridade dos pais para com os filhos, a perca do referencial religioso, falta de consciência ética e moral, impunidade, de crimes não solucionados pela desestruturação e falta de efetivo das polícias, justiça deficiente e lenta, ministério público pouco atuante e muitas vezes omisso, educação deficiente e ineficaz, um sistema de saúde e assistência social agonizante, desrespeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, do Idoso, preconceito racial, tratamento injusto e desequilibrado com as mulheres. Enfim, uma gama de deficiências estruturais que desembocam nas drogas, assassinatos e penitenciárias, não necessariamente nesta ordem.

Os policiais neste processo são, também, vítimas de um sistema propositadamente orquestrado que limita-se a ações de fachada, que acabam tratando-os como marionetes no jogo de prende e solta. Assim temos os usuários de drogas, os traficantes-aviões, os pequenos traficantes, sitiantes e a polícia na ponta do iceberg, enquanto os barões do tráfico se locupletam no jogo milionário das drogas e do tráfego de influências dentro e fora de nosso país.

Sim, considerando, ainda, o senso comum nos angustia a dura realidade de uma sociedade que veladamente elegeu cidadãos de diversas castas, conforme a conveniência dos que estão nas diversas instâncias do poder: ao contrário do que ocorre abertamente na Índia, nosso país de forma cínica nos impõe cidadãos de primeira linha (os brahmin) e aqueles tratados como escória da sociedade (os párias). Estes últimos perfeitamente descartáveis, e fazendo uso de neologismos todos perfeitamente “matáveis e morríveis”.
  
CONCLUSÃO
 Um barato que sai caro

Ao estudar e refletir acerca das políticas públicas aplicadas ao combate e prevenção às drogas não nos ocorre desconsiderar eventos relevantes de combate às drogas, criminalidade e políticas de inclusão social da história mundial contemporânea, modelos que muito bem podem e devem servir de balizadores ao nosso país. Temos como exemplos: a Itália com o enfrentamento metódico da máfia a “Cosa Nostra”; a Colômbia trabalhando seriamente nas políticas sociais de inclusão das camadas mais pobres e combate ao Cartel de Medellín; a política de tolerância zero com a ação imediata de punição judicial implantada em Nova York por volta da década de 1990 pelo então prefeito Rudolph W. Giuliani.

São lições riquíssimas que devem ser conhecidas, exploradas, equalizadas e aplicadas com seriedade à realidade brasileira, posto que muitas das mazelas que formaram aquelas deformações sociais se replicam em nosso país em escalas maiores, marcadas pela falta de políticas sérias, ou pela descontinuidade dos programas de enfrentamento às drogas, criminalidade e inclusão social equacionada e justa. Nosso país nunca será um país sério e comprometido com as futuras gerações enquanto nossas autoridades não assumirem sua responsabilidade com cada cidadão, enquanto não projetarem o futuro com base nos valores tirados dos princípios universais dos direitos do homem, enquanto nossos políticos continuarem a ser profissionais ao invés de representantes e defensores do povo, e da justiça que nasce na aldeia indígena, passe pelas comunidades quilombolas, chequem as nossas favelas e levem nossas crianças em igualdade de condições às universidades, fazendo assim com que nossas prisões deixem de ser o símbolo de todas as nossas privações e injustiças, pois nelas se concentram a nata dos desvalidos e rechaçados de nosso país.

Walquíria Diniz
Assistente Social na PB
 e
Nivaldo de Oliveira Júnior
Agente Penitenciário de PE
Presidente do SINDASP-PE 
Sociólogo

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

ONDE ESTÃO OS LOBOS?


Há mais de 2000 anos Jesus Cristo orientou seus discípulos quanto aos perigos da traição e das mentiras bem paramentadas: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores."  (Mateus 7 : 15). Nesta linha encontramos nos Evangelhos a Parábola do Joio e do Trigo, onde o Mestre nos adverte que não se pode  distinguir um do outro, a não ser quando estão prontos para a colheita (Ver Mateus 13:24-30). Estes terão destinos diferentes: o trigo será recolhido em celeiros e o joio será queimado por não ter utilidade.

Muito bem, nossa reflexão parte do princípio de que muitas vezes estamos rodeados de lobos ferozes travestidos de ovelhas, muitos que comem conosco à nossa mesa, pessoas a quem amamos como irmãos, lhes confiando, inclusive, nossa vida. Com o tempo descobrirmos que só estavam esperando a oportunidade para nos tragar. Assim foi com Judas o traidor e tantos outros lobos conhecidos, ou não, da história.

Pessoas como estas são capazes de articular armadilhas inimagináveis e capazes de espreitar por anos a espera da oportunidade de dar o bote, são rancorosas, dissimuladas e vingativas, capazes de qualquer sacrifício na obtenção de seus objetivos macabros. Como já subtendido, têm aparência angelical e são capazes de trair,  difamar e cercear qualquer defesa de suas vítimas. Sua covardia vai ao ponto de esconder-se nas meias-verdades, muitas vezes repetidas. Dizem: "uma mentira muitas vezes dita como verdade passa a ser verdade".

Foi justamente pensando nestas situações que lembrei-me da seguinte parábola e de quantas vezes pelas aparências somos induzidos a julgar mal, ou errado e cometer injustiças contra inocentes. Simplesmente porque as falsas ovelhas trouxeram suas verdades a baila, hábil e sutilmente para nos influenciar a ser tendenciosos.

Parábola: Julgamento prematuro

Eram dois vizinhos.

Um deles comprou um coelho para os filhos. Os filhos do outro vizinho também quiseram um animal de estimação. O homem comprou um filhote de pastor alemão.

Conversa entre os dois vizinhos:

– Ele vai comer o meu coelho!

– De jeito nenhum. O meu pastor é filhote. Vão crescer juntos, "pegar" amizade...

E, parece que o dono do cão tinha razão. Juntos cresceram e se tornaram amigos. Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa. As crianças felizes com os dois animais.

Eis que o dono do coelho foi viajar com a família e o coelho ficou sozinho.

No domingo à tarde, o dono do cachorro e a família tomavam um lanche quando, de repente, entra o pastor alemão com o coelho entre os dentes, imundo, sujo de terra, morto.

Quase mataram o cachorro de tanto agredi-lo!

Dizia o homem:

– O vizinho estava certo. E agora? Só podia dar nisso!

Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar. O que fazer?!

Todos se olhavam. O cachorro, coitado, chorando lá fora, lambendo os seus ferimentos.

– Já pensaram como vão ficar as crianças?

Não se sabe exatamente quem teve a ideia, mas parecia infalível:

– Vamos lavar o coelho, deixá-lo limpinho, depois a gente seca com o secador e o colocamos na sua casinha.

E assim fizeram. Até perfume colocaram no animalzinho.

Ficou lindo, parecia vivo, diziam as crianças.

Logo depois ouvem os vizinhos chegarem. Notam os gritos das crianças.

– Descobriram!

Não passaram cinco minutos e o dono do coelho veio bater à porta, assustado. Parecia que tinha visto um fantasma.

– O que foi? Que cara é essa?

– O coelho, o coelho...

– O que tem o coelho?

– Morreu!

– Morreu? Ainda hoje à tarde parecia tão bem.

– Morreu na sexta-feira!

– Na sexta?

– Foi. Antes de viajarmos as crianças o enterraram no fundo do quintal e agora reapareceu!

<<<<<<<>>>>>>>

A história termina aqui.

O que aconteceu depois não importa. Mas o grande personagem desta história é o cachorro. Imagine o coitado, desde sexta-feira procurando em vão pelo seu amigo de infância. Depois de muito farejar, descobre o corpo morto e enterrado. O que faz ele? Provavelmente com o coração partido, desenterra o amigo e vai mostrar para seus donos, imaginando fazer ressuscitá-lo.

E o ser humano continua julgando os outros...

Outra lição que podemos tirar desta história é que o homem tem a tendência de julgar os fatos sem antes verificar o que realmente aconteceu. Quantas vezes tiramos conclusões erradas das situações e nos achamos donos da verdade?

Autor: Desconhecido
Contribuição: Alfeo Clementi Jr.
http://www.tomcoelho.com/index.aspx/s/Parabolas_Exibir/46/Julgamento_prematuro

A precipitação e a intolerância matam e fazem a guerra. Enquanto não nos humanizarmos continuaremos a ser promotores dos grandes males que assolam a humanidade e a injustiça, o munda será cada vez pior e os inocentes continuarão a ser mortos pelos lobos travestidos de ovelhas.

Nivaldo de Oliveira Júnior

sábado, 26 de outubro de 2013

HEI!... VOCÊ AI!... SABE O QUE É SOCIOLOGIA?

Sociologia, o que é?

Sociologia - tem como objetos de estudo a sociedade, a sua organização social e os processos que interligam os indivíduos em grupo

A Sociologia é uma das Ciências Humanas que tem como objetos de estudo a sociedade, a sua organização social e os processos que interligam os indivíduos em grupos, instituições e associações. Enquanto a Psicologia estuda o indivíduo na sua singularidade, a Sociologia estuda os fenômenos sociais, compreendendo as diferentes formas de constituição das sociedades e suas culturas.

O termo Sociologia foi criado em 1838 (séc. XIX) por Auguste Comte, que pretendia unificar todos os estudos relativos ao homem — como a História, a Psicologia e a Economia. Mas foi com Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber que a Sociologia tomou corpo e seus fundamentos como ciência foram institucionalizados.
Augusto Comte

 A Sociologia surgiu como disciplina no século XVIII, como resposta acadêmica para um desafio que estava surgindo: o início da sociedade moderna. Com a Revolução Industrial e posteriormente com a Revolução Francesa (1789), iniciou-se uma nova era no mundo, com as quedas das monarquias e a constituição dos Estados nacionais no Ocidente. A Sociologia surge então para compreender as novas formas das sociedades, suas estruturas e organizações.

A Sociologia tem a função de, ao mesmo tempo, observar os fenômenos que se repetem nas relações sociais – e assim formular explicações gerais ou teóricas sobre o fato social –, como também se preocupa com aqueles eventos únicos, como por exemplo, o surgimento do capitalismo ou do Estado Moderno, explicando seus significados e importância que esses eventos têm na vida dos cidadãos.

Como toda forma de conhecimento intitulada ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. O conhecimento sociológico, por meio dos seus conceitos, teorias e métodos, constituem um instrumento de compreensão da realidade social e de suas múltiplas redes ou relações sociais.

Os sociólogos estudam e pesquisam as estruturas da sociedade, como grupos étnicos (indígenas, aborígenes, ribeirinhos etc.), classes sociais (de trabalhadores, esportistas, empresários, políticos etc.), gênero (homem, mulher, criança), violência (crimes violentos ou não, trânsito, corrupção etc.), além de instituições como família, Estado, escola, religião etc.

Além de suas aplicações no planejamento social, na condução de programas de intervenção social e no planejamento de programas sociais e governamentais, o conhecimento sociológico é também um meio possível de aperfeiçoamento do conhecimento social, na medida em que auxilia os interessados a compreender mais claramente o comportamento dos grupos sociais, assim como a sociedade com um todo. Sendo uma disciplina humanística, a Sociologia é uma forma significativa de consciência social e de formação de espírito crítico.

A Sociologia nasce da própria sociedade, e por isso mesmo essa disciplina pode refletir interesses de alguma categoria social ou ser usado como função ideológica, contrariando o ideal de objetividade e neutralidade da ciência. Nesse sentido, se expõe o paradoxo das Ciências Sociais, que ao contrário das ciências da natureza (como a biologia, física, química etc.), as ciências da sociedade estão dentro do seu próprio objeto de estudo, pois todo conhecimento é um produto social. Se isso a priori é uma desvantagem para a Sociologia, num segundo momento percebemos que a Sociologia é a única ciência que pode ter a si mesma como objeto de indagação crítica.

Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

10 DE DEZEMBRO DIA DO SOCIÓLOGO


No dia 10 de dezembro comemoramos o Dia do Sociólogo. A data relaciona-se a sanção presidencial à Lei 6.888 de 10 de dezembro de 1980, que reconhece a profissão liberal de Sociólogo no Brasil. O sociólogo desenvolve e utiliza um conjunto variado de técnicas e métodos de pesquisa para o estudo das coletividades humanas e interpreta os problemas da sociedade, da política e da cultura. Este profissional atua nas áreas de ensino, pesquisa e planejamento, além de dar consultoria e assessoria a ONGs, empresas privadas e públicas, partidos políticos e associações profissionais, entre outras entidades. A sua formação tem sua matriz em Ciências Sociais  e é estruturada tendo como eixo principal três grandes áreas: sociologia, antropologia e ciência política.

No mundo atual, em que o homem, esta voltado para a individualidade e vem perdendo a compreensão global de sua intervenção na história. A Sociologia desempenha um papel muito importante, em razão de sua própria natureza, podendo cumprir papel, fundamental, de propiciar uma visão integrada da vida humana e social. A profissão de sociólogo apesar de existir muito antes somente foi reconhecida na década de 80 através da Lei 6.888/80 mesmo assim não delimitou exatamente seu campo de atuação gerando o pleito destes profissionais  pela criação de um conselho federal de sociólogos dentro dos  objetivos busca disciplinar o exercício da profissão de sociólogo, elevar o prestígio que seu conhecimento desfruta e defender o campo de trabalho pertencente à categoria.